sexta-feira, 13 de julho de 2012

Matéria do Folha de Pernambuco - Doçura Que Vem de Berço

Foto: Mãe e Irmã merecem todo reconhecimento pela dedicação à gastronomia do nordeste! Parabéns!  http://instagr.am/p/NBZCTGtYqy/


Nara e Mariana Maranhão repaginam doces regionais a partir do livro de receitas da família.

“Peneire três vezes a farinha e mexa delicadamente para não desonerar a mas­sa”, dizia dona Esmeralda para a neta Mariana, em suas primeiras incursões na cozinha do engenho da família, ainda menina. A pequena entendia direitinho que  desonerar seria um problema - ninguém ia querer bolo solado. Foram nessas aulas com a avó que Mariana Maranhão, hoje, uma mulher de negócios, aprendeu que o ingrediente principal de qualquer receita é o cuidado. Sócia da mãe, Nara, deixou o trabalho em representação comercial e decidiu se dedicar, com muito zelo, a uma paixão que está no DNA da família: a culinária.

A avó, exímia cozinheira de casa-grande, registrou tudo em um delicado livro de receitas, que traz, logo à primeira página, uma ode ao bem servir, ao bom dia proporcionado pela comida - tanto para quem come, como para quem faz. E é esse livro transbordante de quitutes que seria a linha mestra de Mariana e Nara quando decidiram montar a Doce Engenho, um espaço que funciona na Torre, construído numa antiga casa da família e, agora, endereço charmoso que recebe a clientela para degustação e, claro, colocar em prática projetos açucarados. “Costumo dizer que é um ateliê, não é loja. Um lugar para a gente inventar coisas gostosas”, diz Mariana, apontando para uma mesa colorida, fornida de minibolos e doces pernambucanos, como o típico souza leão e o doce de laranja-da-terra, que leva cinco dias para ficar pronto, sob os cuidados da matriarca.

O começo, as raízes
Filha de engenho, filha da mesa farta, do açúcar e da fartura, Nara é dona de uma pousada voltada para o turismo rural em Nazaré da Mata, o Engenho Cueirinha. Lá, os hóspedes estão acostumados a ver na mesa uma variedade sem fim de acepipes regionais, salgados, além de bolos e doces. São também mimados por dona Nara, que não se faz de rogada perante os pedidos mais, digamos insólitos: quem, tendo oferecido suco de fruta, bolo de maçã com canela e doce de leite, se negaria a preparar uma vitamina de banana com leite condensado para uma criança que pede com dengo? Hospitaleira que é, vai lá e faz. Ela, que já foi professora, ensinou o bê-a-bá à chef Madalena Albuquerque, a Madá do Just Madá - bota carinho em tudo o que faz. E se empenha também em novas conquistas. Um ano desses, matriculou-se junto à filha em uma faculdade de Gastronomia. Com o fim do curso, já correu para a pós-graduação: quer muitos diplomas na parede. A Doce Engenho, segundo contam mãe e filha, foi um projeto da faculdade. Lá, compreenderam que não podiam fugir às raízes, tão ricas em histórias, heranças e gostos.

“Escolhemos trabalhar com a linha tipicamente pernambucana. Em momento algum, a gente alterou receitas, só deu uma cara nova”, diz Mariana.

É aí que os bolinhos ganham delicados formatos de flor, mas continuam trazendo o sabor de um tradicional souza leão ou de um rústico bolo de macaxeira. “A gente está resgatando as receitas da família, o lado tradicional da gente. Somos ligadas à terra”, justifica Nara, como se fosse preciso explicar suas gostosuras. Na mesa, é Pernambuco para tudo o quanto é lado, dos ingredientes aos acepipes prontinhos. Tem macaxeira, tem milho, tem beijinho de queijo do reino. E, se o momento do Leão do Norte é esse, as duas encontraram a forma certa de render honrarias e conquistar paladares estrangeiros. Gabaritadas em coffee breaks, servem a mesa regional em eventos de grandes empresas e apresentam o Estado por meio de pequenos dengos de açúcar, principalmente. Boa bandeira. Sucesso fazem também os kits pernambucanos, que vêm montados em cestas. Entre os produtos, cocada, mel de engenho, cachaça, pé-de-moleque, geleia.

A dupla, agora, começa a emplacar a mesa de bolos e doces locais numa seara pouco inspirada - até agora - pela doçaria local: as festas de casamento. “Já fizemos algumas festas com mesa regional”, conta Mariana, mostrando foto de uma das noivas com um minibolo souza leão entre os dentes. “São doces perfumados, com características próprias, feitos para comer em uma bocada só”, explica. “Queremos propor uma modernidade àquilo que é do passado”, completa, lembrando que a lista fica completa com os licores e as geleias caseiros, produzidos a seis mãos, já que contam com a ajuda de Inaura Carlos, que não faz parte da família, mas que também tem o açúcar na veia.

Matéria feita por Paula Melo publicada  na data 13/07/2012 pela Folha de Pernambuco - Sabores.

Um comentário:

  1. Que massa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Ficou maravilhosa a reportagem!!!!!!!!!!!!!!!!Valeu!!!!!!!!!!!!!!!! Deus é fiel!!!!!!! parabéns!!!!!!!!estou muito feliz por vocês!!!!!!!!!!!!!!!! Beijão!!!!!!
    Alana

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